Arquitectura

PALCO OPERATIVO

By lucasfads | 29 de Fevereiro, 2012

ARQUITECTURA: FOSTER+PARTNERS
TEXTO: TIAGO KRUSSE
FOTOGRAFIA: NIGEL YOUNG

O Centro de Produção da McLaren é o segundo edifício com design do atelier de Norman Foster que é construído na propriedade rural da marca, localizada na periferia de Londres, no Reino Unido. O complexo com 34mil e 500 m2 foi pensado para a linha de produção de um automóvel de alta performance, da gama de estrada daquela marca. O piso térreo tem 19 mil 675m2 e a cave 13 mil 510m2. Com uma altura de 6.6 metros, 200 metros de comprimento e 100 metros de largura, o edifício é essencialmente estruturado em betão reforçado e aço e ao nível do revestimento destaca-se pela inclusão de tubos de alumínio.
O novo edifício posiciona-se a Sudoeste do já existente Centro Tecnológico da McLaren. Os dois edifícios ficam ligados por uma passagem subterrânea – cujas dimensões não foram incluídas na área construída – onde se alinham espaços de exposição interligados entre si. Prosseguindo uma mesma linguagem ao nível dos detalhes e dos materiais, o centro de produção é revestido a tubos de alumínio. As extremidades arredondadas do seu plano rectilíneo fazem referência ao centro de tecnologia e à entrada, sugerindo como que por repetição o enorme círculo envidraçado por debaixo da saliência estrutural da sua cobertura.
O centro de produção tem um programa que pretende fazer uma aproximação à arquitectura industrial que foi previamente explorada em projectos anteriores, no início da actividade de Norman Foster, como foram os casos para a Reliance Controls e a Renault. A cobertura do centro de produção é suportada por séries de colunas finas, dispostas numa grelha uniformizada e com componentes que se repetem. Os serviços estão integrados com a estrutura em metal pintada.
Os processos de manufacturação da McLaren estão mais próximos do espírito de um teatro operacional do que de uma fábrica e o novo edifício, com o seu pavimento em azulejos cerâmicos, foi designado para expor essa tecnologia. O desenho linear dos dois pisos espelha o fluxo da linha de produção: os componentes são entregues; os carros são montados, pintados e testados que depois seguem por um tapete rolante até a lavagem antes de saírem do edifício. Sob a linha de produção encontra-se a cave, para o armazenamento, e sobre a mesma um mezanino com vistas para os trabalhos.

A expansão do complexo resulta de uma intervenção discreta na paisagem. O centro de produção eleva-se apenas a 7 metros de altura, integrando a ligeira inclinação do local. Esta preocupação em encaixar o edifício sem fazer destoar a paisagem rural fez que ele se tornasse invisível do ponto de vista da estrada mais próxima. Apesar desta constatação, estão previstas mais acções para o tornar ainda mais discreto, quer pela plantação de árvores como pelo desenterrar de materiais que irão ajudar a harmonizá-lo na colina. Em termos paisagísticos serão plantadas 820 novas árvores e destaca-se o facto de terem sido recolocadas cerca de 68 árvores maturas ali existentes, não só pelo facto de se respeitar a idade das mesmas mas também porque essa acção teve em conta a estação de ninhadas de aves.
O centro de produção foi pensado tendo em conta a sua sustentabilidade. Da mesma forma que o centro de tecnologia utiliza o lago para efeitos de refrigeração, também o centro de produção dispõe de um telhado com um colector de água das chuvas e implementa um dispositivo de baixo consumo de energia em termos de dispositivos de ventilação. O edifício tem uma taxa de 34% em redução de emissões de dióxido de carbono, design da ADL2A, a secção de pinturas não requer ar condicionado – uma loja normal de pintura automóvel precisa no mínimo de 2.5 mW para funcionar – e os cerca de 180 mil m3 de terra escavada durante a construção foram mantidas no estaleiro e reutilizada no projecto de arquitectura paisagista.